Barulho homofóbico
Insisto em declarar patrimônios da vida gay as boates e os locais nos quais os viados e os travestis são tratados em pé de igualdade com os héteros. Nunca esqueça do que foi o Stonewall: um bar onde as "bees" resolveram dar um basta à opressão.
A Samorcc apresentou um baixo-assinado com 250 assinaturas –alega ter 3.000-, mas que não consta até agora do novo inquérito. O Psiu ( Programa de Silêncio Urbano) segundo reportagem da Folha de 25 de junho, não constatou no local nenhuma irregularidade para aplicar multa.
A boate reagiu e conseguiu o apoio de casas noturnas, bares, freqüentadores e grupos gays que sentiram que o barulho se chama homofobia. Já contam com 6.000 assinaturas. É só o começo. Alôca está encabeçando a abertura da Câmara do Comércio LGBT na cidade.
Simbólico foi alegarem que o gerente da casa ameaça a vizinhança com um pit Bull. Quem conhece sabe que o Aníbal tem uma cadela da raça Lhasa apso superdócil. Mas nessa pequena Stonewall, viramos pit Bull mesmo!
Vitor Angelo, jornalista e roteirista
Stonewall, o que é? Como ele influenciou na Parada Gay?
A cada ano, todo o mês de junho vê a celebração, em paradas e eventos ao redor do mundo, do Orgulho Gay. O início de toda essa história está lá em 1969, em Nova York, mais precisamente no bar Stonewall. Este bar se tornou o centro nervoso do que conhecemos hoje como movimento gay. Foi o marco zero da luta dos homossexuais por direitos civis e liberdade individual.
Antes dos anos 60, havia uma tímida legislação que mal conseguia amparar gays e lésbicas. Por falta de critérios claros, passou-se a usar o pretexto político para atacar quaisquer setores da sociedade que não 'se enquadravam'. Gays incluídos. Com a chegada da loucura hippie dos anos 60 e toda aquela efervescência cultural e política, os caminhos estavam abertos para o início do movimento gay.
Durante o funcionamento do bar, desde a sua abertura, a polícia de Nova York dava constantes batidas no local com a intenção de extorquir os freqüentadores. Aos gritos, adentravam o bar, faziam revistas não-autorizadas e efetuavam prisões de maneira leviana e aleatória, sem critérios claros ou outras explicações.
Porém, no dia 28 de junho de 1969, cansados da extorsão e da humilhação a que vinham sendo submetidos, as cerca de 400 pessoas que estavam lá naquela noite resolveram enfrentar a polícia com pedras, socos e o que mais estivesse ao alcance. A notícia se espalhou pelo país rapidamente (com cobertura dos principais jornais nova-iorquinos), e mais confrontos aconteceram nos dias seguintes, com cada vez mais gente aderindo à causa a favor dos gays.
Após prisões, confusões e protestos, o Stonewall Inn (Christopher Street, 51 e 53) se tornou um lugar mítico e o principal pilar da luta dos gays contra a repressão e o preconceito. A chama se espalhou e logo em seguida outras cidades americanas e o mundo estariam se juntando à causa.
O principal legado do evento Stonewall foi despir os gays da vergonha que sentiam e unir a comunidade gay em torno de um único objetivo: a luta contra a discriminação e a favor de direitos iguais. No ano seguinte, a primeira passeata gay foi organizada e cerca de 5 mil pessoas compareceram. Desde então este número só faz crescer. Hoje o bar ocupa uma parte de seu local original e é um ponto turístico de Nova York, preferido do público gay local e dos turistas.
Para ler o texto na integra e saber mais sobre o Stonewall, acesse: http://www.stonewallbrasil.com/